Este cara entrou na nossa vida pelo Mafia Wars, ele foi Goodfather do MBR - Mafia Wars Brasil, um dos primeiros clãs de brasileiros e que se tornou um dos mais importantes. Advogado, blogueiro, tuiteiro, empresário e cearense apaixonado, ele vem aqui nos mostrar um pouquinho mais do seu trabalho e de suas paixães.
Mica: Emerson, queremos mostrar no blog um pouco do seu trabalho. Conta pra gente um histórico de como começou a trabalhar com mídias sociais.
Emerson: Eu blogo, sou blogueiro, há mais de 10 anos. Comecei com o Anomia, meu primeiro Blog, em 2002. Depois disso, vieram as redes sociais, Orkut, Facebook, Twitter, etc e foi uma crescente. Mas mesmo antes da Internet eu já tinha uma ligação estreita com a informação. Seja pela própria comunicação social, onde comecei no Jornalismo em 1990 na Universidade Federal, seja com meu primeiro computador, no início dos anos 80. Era um tk-200 da prológica rsrsrs
Mica: Como surgiu a ideia do Anomia? O blog continua o mesmo desde 2002?
Emerson: Não continua. Está parado. O que resta da idéia inicial do Anomia é mais o meu Twitter, que deu nome à minha conta que me fez mais "conhecido". Por isso me chamo EmersonAnomia no Twitter :) A ideia dele foi essencialmente sociológica. Anomia descreve um estado sociológico de um País sem regras, e na época em que criei o blog, o Brasil passava por isso. É um conceito de Émile Durkheim e coube como uma luva.
Cláudia: Desculpe a pergunta, mas é uma coisa que eu tenho muita curiosidade em saber. Acompanho vários blogs e twitters famosos. Como funciona essa vida de blogueiro, dá para viver disso, financeiramente?? Como é?
Emerson: Claudia, hoje eu sou menos blogueiro do que um empresário que atua em mídias sociais. Mas há diversos que conseguem sim, conheço vários inclusive. É um mercado crescente e altamente profissional. A explicação disso é até estatística: cada vez mais as pessoas vivem em ambientes online. Mais do que nas mídias tradicionais se observarmos os últimos meses, no que tange a crescimento. É desleal até. Por isso, na hora de formar opinião para comprar produtos ou serviços, elas recorrem cada vez mais à internet. Dessa forma, não apenas blogueiros, mas até mesmo usuários de redes sociais como o Twitter ou Facebook, fazem e ganham por publicidade. É importante destacar também que isso quer dizer que hoje é difícil demais falar-se apenas em pessoas que tem só blogs ou só Twitter. Todos convergem para os ambientes online e possuem diversos canais de relacionamento. O que difere os que têm mais sucesso são aqueles que têm conteúdo, são autorais.
Mica: Acho impressionante acompanhar essa mudança. Como é para você, que atuou com produção de conteúdo e agora como empresário?
Emerson: Foi completamente acidental. Eu resolvi criar uma agência de marketing, meio apostando que o tempo "viraria" logo e poder-se-ía apostar nisso aqui no nordeste, ainda em 2010 quando não havia ainda por aqui. Acabei que dei sorte. E no ano seguinte criei o Desencontro, que acabou se tornando um grande sucesso, ao ser o primeiro grande evento do Nordeste a reunir os melhores nomes do Brasil numa Capital, falando e discutindo, essencialmente,a Internet e mídias sociais.
Cláudia: É tipo a Campus Party, só que em dimensão menor?
Emerson: Isso, seria, melhor dizendo a Campus Party sem o acampamento e com a praia. Uma espécie de Praia Party de tecnologia. Não comparo com a Campus que é um evento internacional que chegou aqui, tem apoio fabuloso e é um evento fenomenal. Mas fico contente quando há esse reconhecimento. A Campus está chegando a Recife agora, sinal de que nossa ideia foi muito boa em fazer um evento assim no Nordeste. Mas cada um tem as suas diferenças e semelhanças.
Mica: O Desencontro está chegando, o que podemos esperar para o evento este ano?
Emerson: Muita coisa boa mesmo. Terá um dia a mais, mais conteúdo e mais nomes. Mas contará também com o mesmo clima debochado. Painéis sérios mas um palco exclusivo também para apresentações artísticas, musicais, stand ups. Não perderemos nunca nossa identidade de ter o humor cearense temperando o ambiente e o final de semana. Senão não seria um Desencontro. Seria apenas mais um Encontro como vários outros (que são bons) mas não é nosso propósito único.
Cláudia: Como é ser um formador de opnião no twitter e facebook? Fiquei sabendo que você é muito popular no twitter e sempre sobe assuntos no TT, deve ser bem divertido.
Emerson Damasceno: Olha, é algo meio inusitado para mim. Nunca vi "isso chegando". Sou mais um que tem uma certa influência. Mas o saboroso dessas mídias novas é o compartilhamento, o agregrar de ideias. Ninguém efetivamente é influente sozinho. Somos apenas com nosso público, do qual também somos públicos. É a democratização, tão sonhada, dos meios de comunicação. Não é a ideal ainda, está longe, mas é um ótimo começo.
Mica: Engraçado conhecer um amigo, tomar uma cerveja e depois descobrir que ele é o cara que força hashtags no twitter, seguido até pela minha sobrinha...
Emerson Damasceno: kkkkkkkkk Que massa mesmo. Querem outra coisa fantástica? Meu filho me chamar para mostrar um vídeo incrível, que o fez rir a tarde toda. É do Felipe Neto que vem ao Desencontro pela segunda vez e é meu amigo. As coisas estão tão ligadas que até nós somos surpreendidos com essa proximidade que o ambiente online proporciona.
Mica: Alguns esbravejam que a internet separou as pessoas, nos isolou em quartos e salas na frente do computador. Pra mim foi ao contrário, a internet só me trouxe pessoas e muito mais parecidas comigo do que as do dia a dia. Você vê isso também?
Emerson: Pois é, eu acho a mesma coisa. A questão é que há um hibridismo, que muitos teóricos já comentam. Sou até mais radical nisso. Acho q vida somente uma. Ao estarmos (TAMBÉM) online, estamos dando um prolongamento de nossas relações socias. Isso somente nos ajuda a criar mais laços. Não enxergo o contrário.
Mica: E o amor? (é um blog feminino, adoramos falar de amor!)
Cláudia: E falar mal de homens também, rs
Emerson: Olha é meu melhor momento. Sempre :) kkk muita gente pensa que eu minto ou exagero. Não, sou apaixonado pela vida. Acho o amor essencial em tudo que se faz, que se viva. E eu adoro os blogs femininos, a gente merece bons puxões de orelha mesmo. Essa doçura feminina nos faltava mais online. As mulheres também chegaram ao ambiente online (depois de blogs maravilhosos) com todo o espetáculo que possuem. Adoro!
Mica: Como mulher, ler blogs femininos é uma benção. Enfim algo que realmente é voltado para nós e que conta histórias que nos são comuns. Era ruim estar fadada a visão masculina ou a visão de nos preparar para os homens. Com certeza, algo que a internet permitiu, pois qualquer um pode simplesmente abrir uma conta e começar a escrever. Não é libertário?
Emerson: É sim. Eu acho que um pouco além disso, em consonância com isso, nós temos hoje um canal para as minorias, onde todos tem vez e voz. A própria base da sociedade, eterna e olha como, eterna ouvinte, passou a ser emissora também de conteúdo. O Portal Voz da Comunidade, do Morro do Alemão no RJ e um exemplo disso. Ele inclusive estará presente no Painel de ativismo no Desencontro. Isso faz a diferença, ajuda a começar a reparar injustiças históricas de nosso País.
Cláudia: Pra mim o maior exemplo foi o do caso STOP Sopa, o movimento que teve uma repercussão incrível, exemplo de luta por aquilo que se acredita.
Emerson Damasceno: Também. Mas acho que a Primavera Árabe ainda mais emblemática dessa nova realidade da comunicação, Claudia. Foi um movimento alicerçado nas mídias sociais e que ganhou força através delas. Sem tais mídias, os canais convencionais controlados pelos Estados Árabes como Egito, Tunísia, Baherin etc não teriam eco.
Mica: Isso me lembra uma entrevistada nossa, a Paola, que participou ativamente da revolução no Egito, através do celular. Agora Emerson, porque você pratica bullying, humilhando todos os pobres coitados que não têm sol, mar e praia o ano inteiro?
Emerson Damasceno: kkkkk não é bullying. Eu sou um bairrista descarado. Amo muito Fortaleza. Por isso adoro provocar. Aproveito e convenço os amigos e amigas a virem para cá e ao Desencontro também :D
Mica: Para terminar: muitos dos nossos leitores são amigos que vieram do máfia, quer falar um pouco desta experiência?
Emerson Damasceno: Claro! Os games online são uma faceta tão excepcional das mídias sociais que nós somos prova disso :) É algo fantástico, são números incríveis e mostram como o simples fato de jogar determinado jogo pode se tornar também uma forma de se conhecer novas pessoas. O Mafia Wars e outros que a Zynga produz tem milhões de usuários somente no Brasil e são um número forte de quem usa a internet. Acho fantástico. E vão no caminho da convergência. Cada vez mais redes sociais integram diversas mídias (jogos, blogs, fotos, vídeos). Enfim, o que é mais ímpar a ser destacado nessa tendência global é o social. As pessoas querem e precisam estar juntas. As consequências disso são ainda inimagináveis. Mas com um mundo mais curto, menos frio e mais conhecido, será até mesmo mais difícil se imaginar um mundo mais violento, querem um exemplo? Há clãs de jogos online que são amigos em jogos como o Mafia Wars. Um País com intenções beligerantes irá enfrentar ainda mais problemas internos quando os seus cidadãos tiverem laços (mesmo que online) com Países "invadidos" ou guerreados. O mundo cada vez mais caminha para ser um só...
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