quinta-feira, 13 de outubro de 2011

"Eu lembro que..."

Eu era tão menininha que não aprontei muito. Lembro de estar deitada no berço, olhando para frente por entre as frestas da grade, a luz da janela iluminava tanto o quarto que ficava tudo branco e minha irmã brincava comigo. Lembro muita coisa das minhas irmãs, a quem chamava de Gué e Guegué, como quando elas me agarravam e eu gritava "me largue-me, me solte-me". Lembro de viver em cima de árvores, principalmente quando ia chegando o fim da tarde e sabia que as mães iam começar a gritar os nomes de todas as crianças da rua para tomar banho. Ficávamos lá em cima rindo porque acreditávamos que estávamos super escondidos. Lembro que eu namorava o Anderson, o menino mais lindo da rua e que isso durou tanto que me rendeu o primeiro beijo. Lembro das viagens pra Bananal onde minha vó morava e da casa cheia de gente. Lembro das vilas na Móoca onde morava a outra vó e principalmente dela batendo na perna do meu pai e dizendo pra mim "És mi irro!", eu respondia brava "Não! É meu pai!", fazendo-a gargalhar. Ah! Eu já adorava festa!

Kelly: Eu não fui uma criança capeta, mas era de me meter em encrencas e lances bizarros. Nunca dei trabalho pra minha mãe na escola, mas eu tinha o problema de conversar MUITO [coisa que só durou na infância]. Eu era sempre mudada de lugar na sala por conta disso. Lembro da professora falando: ‘AH NÃO, KELLY! EU TROQUEI VOCÊ DE LUGAR NÃO FAZ NEM 10 MINUTOS!’ porque eu já estava falando sem parar com o menino do lado. Minha sorte é que eu tirava em 'A' em tudo [desculpa, mas eu ERA foda, cof]. Voltando mais no tempo, lembro de que aos 4/5 anos, morava numa casa que tinha um quintalzão cheio de terra [esse da foto] e tinha um montinho ali tão simpático [um formigueiro, mas eu não sabia o que era isso] e afundei a minha mão/braço nele como se fosse tirar algo muito bonito dali. Realmente, formigas lava-pé no corpo me deixaram eufórica... =P Nessa época, lembro de ter perguntado pro meu pai como que se fazia carinho num cachorro e de ter perguntado pra minha mãe como é que a gente falava com Deus. Lembro de sempre acreditar que eu era adotada, quando meus irmãos me diziam isso e de sempre grudar no cabelo de um deles, porque eu não o suportava [e hoje ele é um dos meus melhores amigos]. Também odiaaaaava pentear o cabelo, coisa que acabou resultando num corte ‘joãozinho’ [trauma, tá]. Lembro da formatura do pré: a gente tinha ensaiado pra dançar uma música do Beto Barbosa, mas daí justo no dia o meu parzinho faltou, eu tive que escolher um outro menino lá na hora e deu tudo errado porque ele era todo duro. Lembro das pessoas rindo e eu não entendendo o porquê Minha mãe conta até hoje essa história pra todo mundo, do dia que eu quase quebrei esse menino no meio de tanto que eu virava ele pra lá e pra cá... hahaha... que bizarro. Infância = saudade.

As lembranças mais marcantes da minha infância são dos domingos, dos feriados, da família toda reunida na casa da minha avó, sempre com uma panela enorme de macarronada, frango assado e guaraná Taí. 
Das férias no sítio, do pão com manteiga caseiros que minha avó fazia, do pé de Siriguela e da minha cachorrinha Punk. Lembro das vacas correndo atrás da gente no pasto, por que chegávamos perto dos filhotes delas.
Lembranças do meu avô Dito, ele sempre vinha me receber com o doce que eu mais gostava, era um pudim que chamava "creminho", quentinho, feito na hora.
Dá uma saudade tão grande, dos cheiros e dos sabores. Como era doce, leve e simples a vida. (Estou chorando horrores aqui de saudade)