sexta-feira, 21 de outubro de 2011

What´s Your Number?



Esta semana nos deparamos com a reportagem e o trailer de uma comédia romântica que entrou em cartaz. “Qual é o seu número?” conta a história de uma garota que descobre com as amigas uma pesquisa dizendo que a maioria das americanas que transou com mais de 20 caras, não se casou... OH WAITH! Como é que alguém tem a coragem de fazer um filme assim em pleno 3º milênio!?

Cláudia: O problema nem é ter coragem de fazer um filme desses, o problema é o falso moralismo, a nítida demonstração de que homem pode ter quantas parceiras julgar necessário, o quanto sua estima achar legal. E as mulheres não, essas vão ser sempre taxadas de vagabundas e afins. O filme poderia sim abordar o tema, mas mostrando o lado da mulher também, um visão mais feminista e moderna sobre o assunto.

Mica: Eu enxergo tanta coisa nisso que nem sei por onde começar. O estereótipo do comedor e da galinha é uma prisão ridícula e muitas mulheres e muitos homens caem neles e se escravizam tentando segui-los ou fugir deles. Pensa, se todos os caras têm obrigatoriamente que ser garanhões, o que acontece com os que não são? Suicídio? Se todas as mulheres devem evitar seus desejos para não ficarem “faladas”, o que acontece com sua satisfação?

Cláudia: Essa semana eu li uma coisa muito absurda no facebook, fui agora procurar para relembrar exatamente o que estava escrito, mas acho que o “muleque” apagou. Dizia mais ou menos assim: 'Como os homens vão dar valor em mulheres que saem na balada, bebem todas, voltam para casa, cada noite com um diferente e no outro dia acordam sozinhas e vazias?' E que fomos nós, as MULHERES, que fizemos eles se tornarem como são hoje, ou seja, somos culpadas por este molde torto de personalidade e hipocrisia que eles se transformaram, nós os tornamos homens cafas que usam as mulheres. É fácil, né? Colocar a culpa nos outros.

Mica: Isso é uma característica da maioria dos homens que já até comentamos outras vezes. Eles realmente são bons em jogar a culpa nas mulheres. Eu gostaria muito que eles começassem a assumir suas culpas, seus defeitos, suas limitações. Considero sábia a pessoa que é capaz disso. Agora quanto a sair, pegar balada, levar um o cara pra casa e acordar sozinha faço sim, com orgulho. Nunca serei desejada por “muleque”, graçasadeos. Acontece que o corpo é meu. Se eu saio com um cara, sinto tesão, porque eu tenho que negar isso? Fazer joguinho, segurar até o quinto encontro!? Não cabe isso na minha mente. É limitado demais. Se meu corpo tem fome, eu como. Se meu corpo tem sono, eu durmo. Se meu corpo tem tesão, eu transo. E, se não transei na primeira, é porque não valeu. Próximo!

Cláudia: Agora me fala, eu trabalho, sou independente financeira e emocionalmente, sou linda e loira, só que me falta ficar em casa esperando um zé ruela destes bater na porta da minha casa e falar QUERIDA AGORA ME SINTO SEGURO E PRONTO PARA UM RELACIONAMENTO, ah, vá a merda. Não preciso disso, não faz parte da minha personalidade e muito menos fui criada assim. Eu sou livre, meu corpo é livre. E ele é um tiranossauro rex, por ter uma mentalidade da época do homem das cavernas.

Mica: Exato! Fico muito decepcionada com as mulheres. Apesar de rolar um “até te entendo, você foi criada assim e não sabe o que diz”, mas fico decepcionada. Muitas mulheres são as primeiras a julgar, a atirar a pedra. É tão prazeiroso pra elas poder chamar a outra de puta, afinal, se fulana virou puta, significa que é menos do que eu! Está fora do páreo para arrumar um bom partido. Isso é tão, tão, tão...

Cláudia: Eu fico decepcionada com quem julga, independente do sexo.

Mica: Sim... é só que se ao menos as mulheres percebessem, seria mais fácil pressionar a mudança... eu não me canso de ser idealista.

Cláudia: Sabe outra coisa que me irrita, são esses livros de autoajuda, como manter a relação perfeita, como adestrar seu homem e blá blá blá. Meu, as pessoas têm que entender que não existe fórmula para um relacionamento perfeito, não existe ninguém perfeito. Acredito que uma parcela de culpa das mulheres, hoje em dia serem frustradas amorosamente, é culpa disso, desses moldes hipócritas, desses filmes românticos, desses padrões de relacionamento perfeito.

Mica: Concordo. Eu acho que a beleza está justamente na diferença. Na liberdade de sermos imperfeitos. Lembra um dia que falamos disso? De como as pessoas enxergam só nosso lado bom e quando veem algo que não gostam se afastam? Então, se o seu defeito não me faz mal, eu posso lidar com isso, porque o seu defeito faz você ser quem é. Um exemplo: minha irmã é muito muito grossa quando está de mau humor, de regime ou com sono. Antes eu sofria com isso. Hoje eu rio e rio com ela. Ela sempre foi assim, ninguém tem culpa e ela sai soltando os cachorros em todo mundo, mas eu a amo e amo o fato de ela ser assim tão bravinha.

Cláudia: Nossa essa sou eu também, nas mesmas situações que a sua irmã rs. Uma vez um ex namorado me disse isso, que pra ficar comigo tinha que amar muito, porque eu era sincera demais e falava sem trava na língua e isso as vezes magoava ele. Nem tudo são flores, mas nem tudo é ruim também né?

Mica: Ninguém é obrigado a viver mal do lado de uma pessoa, mas sonhar com a perfeição é viver mal consigo mesmo. E olha que eu sou virginiana! Em sexo também... as pessoas se preocupam demais onde vão se encaixar: galinha, santa, boa de cama, devassa e as versões masculinas... eu me perguntam se tanta preocupação assim deixa alguém chegar ao orgasmo...

Cláudia: Infelizmente as pessoas precisam de rótulos para viver, eu particularmente penso que se definir é se limitar, as pessoas tem que aprender a viver em constante mudança, não deu certo assim muda, muda de novo e de novo até achar um jeito que te faça feliz.

Mica: A mudança é liberdade. Não há instituições, igreja, governo, dinheiro, nada que possa mandar no que você escolhe para você internamente, principalmente se não faz o que eles esperam. Isso é escolher. Sabe o que eu acho Clau?

Cláudia: O que?

Mica: Esse nosso post não está muito engraçado, mas está inteiro recheado de “sabedoria de saia”.

Kelly: Eu concordo com tudo o que vocês falaram. E finalizo com o seguinte: Se a pessoa [independente de ser homem ou mulher] faz ou fez sexo uma ou 300 vezes na vida com parceiros diferentes, o problema é da pessoa e pronto. E como o preconceito quanto a isso, ainda se reserva para o time feminino [este que vem tanto por parte dos homens quanto de outras mulheres que não aceitam outras que são mais bem sexualmente resolvidas], eu diria algo bem clichê: o número de relações sexuais de uma mulher não a torna melhor nem pior!! Por favor!! 'Dar' não afeta o caráter, a inteligência e o bom senso. É isso.