quinta-feira, 9 de agosto de 2012

(In)Dependência Sentimental


Por Julie de Abreu


Nove anos... Esse foi o tempo em que passei no meu último relacionamento. Um namoro que começou sem muitas esperanças de dar certo, mas que no final durou (e como!).

A decisão do fim foi quase mútua, já não dava mais para fingir que estávamos em sintonia, não poderíamos mais ignorar que nossos planos eram divergentes. Então, o que restou foi o tão temido fim.

Sim! O fim é temido por todos, minha gente! Não importa o grau de instrução ou o nível social, assim como um psicotrópico qualquer, o “amor” vicia e nos torna dependentes do outro com uma rapidez inacreditável. Como todo adicto, o dependente de amor sofre para sair da situação de vício. E superar essa dependência demanda algum tempo na rehab.

Além da reabilitação all inclusive (com música do Robertão, ombros de amigos/as e encontros furados), é preciso uma dose de boa vontade, um resquício de dignidade e uma pitada de autoconhecimento.

Sabe aquela conversa de: saia, conheça pessoas, faça um curso, viaje pra longe, etc, etc, etc. Não funciona. É como um tratamento paliativo, distrai e tira o foco do verdadeiro problema.

Em geral, buscamos a felicidade fora. Seja no outro, em compras no shopping, em momentos com os amigos, na carreira ou na família. Tudo isso é importante. Mas, e quando estamos sozinhos com nossos pensamentos e sentimentos? É nessa hora que o bicho pega e a porra fica séria? Oh-oh...

A independência sentimental só funciona quando sabemos exatamente o que queremos. Aí então, as conversas com o ex deixam de fazer falta, a ligação do amigo colorido não é tão importante e o carinha da balada se torna apenas... O carinha da balada.

Afinal, ao contrário do que os Best Sellers de auto-ajuda para a meninada solteira dizem, não devemos ser poderosas para casar ou nos mostrar independentes para atrair um bom partido. O negócio é fazer isso por nós mesmos, para a nossa (própria) alegria!!!

Não digo que é fácil. Eu mesma estou na rehab e tenho trabalhado com alguns passos para atingir o objetivo (vou patentear isso).

Quero deixar claro que carência é normal, é humano até. Só que ao invés de recorrer a um pote de Hagen Dazs, ao telefone do último rolo ou ao facebook com aquelas frases #foreveralone, que tal mudar o foco e tentar achar dentro de si mesma o motivo para estar feliz?

8 comentários :

  1. Fazia um tempo que não comentava nada, andava lendo algo aqui ou ali mas o meu tempo anda tão... AH!

    gostei do texto, ou não gostei... não sei definir o que senti lendo ele...

    Tenho medo de comentar sobre o assunto, independência sentimental vem de várias formas, e realmente, como foi dito, não existe receita de bolo e nem dá pra seguir os livros de "auto-ajuda" (e desculpem os amantes dos livros de auto-ajuda, mas pra mim eles só servem pra encher prateleira)

    Quem quer se "auto-ajudar", quem quer ser "sentimentalmente independente", joga fora livros, revistas, e videos... esquela inclusive as tais "experiências pessoais". Porque essa história de "Faça como eu e você será feliz" é uma papagaiada sem fim! Ninguém é feliz fazendo o que o outro fez...

    Vamos combinar uma coisa? O que te faz feliz? Já tem, então aproveita! Não tem, corre atrás e não poupe recursos (até humanos) para conseguir...

    Seja feliz, viva!!!

    Esqueça o "independente", apenas "sinta"... ;)

    PS.: Este comentarista não se responsabiliza pelas más interpretações do texto... Se meu comentário não fez sentido nenhum pra você que leu, não se puna por isso, é que eu não falo coisa com coisa mesmo! ;D

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    1. Adorei o comentário David. Complementa bem o que eu estava querendo (e não sei se consegui) dizer. No fundo o negócio é colocar a vida no modo on e não esperar aprovação alheia.

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    2. Olá Juliê, obrigado por gostar, sinceramente eu até achei que fui meio agressivo quando li novamente agora cedo, ontem eu não estava muito bem, mas foi verdadeiramente o que eu senti e as vezes tenho dificuldade de colocar os sentimentos em palavras, mas o que você quis passar eu entendi e você conseguiu sim.

      Tenho uma mania de avaliar os textos que leio pelo desfecho deles, e o seu me marcou exatamente nestes dois pontos:

      "...Eu mesma estou na rehab e tenho trabalhado com alguns passos para atingir o objetivo..."

      - Aqui pra mim deixou uma abertura para quem lê onde você mesma se coloca junto ao leitor que está passando por isso meio que dizendo: "também estou passando pelo mesmo, ainda não sei se estou no caminho certo mas..."

      e ai fecha com: "...que tal mudar o foco e tentar achar dentro de si mesma o motivo para estar feliz?"

      - que completa o que coloquei ali: "...mas estou vivendo e lutando para conseguir a minha felicidade..."

      Teve um trecho que vi em um episódio da série Hung (HBO), que achei fantástico e nunca mais vou esqucer, onde o protagonista, que já está nos seus 50 e vivendo experiências bem diferentes e com os pesos de ser pai e perder a esposa e tentando se reerguer como pessoa, profissional, etc...

      E ele fecha o episódio com um pensamento que é mais ou menos assim:

      "Quando se é jovem a gente se importa e põe muito peso no que os outros pensam sobre nós... - O bom de envelhecer é que você para de se importar com o que os outros pensam e passa a dar valor para o que VOCÊ pensa!"

      Isso eu nunca mais vou esquecer e é o que tento seguir na minha vida também. ;)

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  2. Julie parabéns pelo texto! Ficou muito bom, sensível e achei o relato muito sincero. É uma delícia ler um texto quando dá pra sentir que é verdadeiro, a empatia aqui foi total!

    Obrigada por ter nos enviado o texto e por sempre participar do blog! Amamos isso!

    Beijinhos

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    1. Mica, sou fã do MSMJ. Foi muito legal participar um pouquinho.
      Obrigada pelos elogios. Fico muito feliz por vocês terem gostado do texto, ele traduz o que eu estou sentindo mesmo neste momento e um pouquinho do que algumas amigas dividem comigo. Tem também um mix dos conselhos de dois grandes amigos.

      ~Bjoooosss

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  3. Julie, já passei por algo parecido... afinal, meus namoros foram longos. Duraram tantos anos, que depois que saí ''dessa'', acho que não consigo mais encarar algo assim. Aliás, acho que só toparia entrar num relacionamento sério, se eu sentisse vontade de casar com o cara, sei lá! O que to querendo dizer com isso, é que: quando a gente namora por muitos anos com alguém, vicia mesmo. Tudo. Mas depois que você se 'liberta', menina, a vida é outra. Você acaba se viciando na vida de solteira.
    Porque afinal, estar solteira é algo [sabe-se lá o pq] muito subestimado. O fato de não ter que dar satisfação pra ninguém já é uma das coisas que gosto MUITO.
    Claro, carência rola às vezes, não vou dizer que não.
    Mas sinceramente, tem horas que paro pra pensar na vida e vejo que fui muito mais feliz qdo estive solteira do que namorando... E claro, muito provavelmente, eu não dei sorte com os namoros que tive, senão, estaria até casada, né.

    Enfim... parabéns pelo texto, por não ter tido medo de expor aqui, mas muito mais do que isso, te desejo SORTE. A fase 'fim de namoro' é difícil, rolam recaídas e aquela coisa toda. Mas passa... e como passa. Naquelas, depois você se lembra e dá risada até.

    Vida nova pra você! Seja feliz e descubra a maravilha da solteirice. :)

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    1. Kelly, obrigada pelo espaço e pela confiança. Obrigada pelas dicas, pela boa sorte, etc, etc ,etc. Afinal, você acompanhou o início desse namoro (sim, é o mesmo daqueeelaaaa época) e está acompanhando o fim.

      Sinto uma pequena vitória interna cada vez que me vejo em um momento de decisão e consigo pensar "Ah! que se foda hahaha" e faço o que eu bem entendo.

      Não que o namoro tenha sido sufocante ou algo assim. Eu queria até casar. Mas, pensar sozinha, sem ter que ponderar a opinião e os sentimentos de mais ninguém é muito mais leve.

      Espero poder participar mais vezes, com textos mais bem humorados que este rs.

      :*

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  4. David achei show o que vc escreveu, mmo pq Divad é resumida.
    Eu sempre fui de relacionamentos longos e antes de casar ou melhor marcar o meu casamento em seis meses de namoro, eu namorei quase sete anos...e acabou exatamente assim, triste pelo fim, mas eu tinha certeza que não queria aquela história para a minha vida.
    Estou há mil anos com o meu marido e digo novamente:Tenho horror do fim e não imagino isso, massss, porque EU amo, EU amo estar com ele.
    Mandei depois de mil anos Freud para pqp, pq EU não sei me sustentar em mim amando alguem e já disse isso aqui e digo sempre, se ele me largar um dia eu mato ele, faço da vida dele um inferno!
    Tudo isso pq EU amo, agora no momento que EU deixar de amá-lo, aíiii eu vejo o que faço de novo, certamente amarei outra pessoa OU volte a fazer as pazes com Freud e consiga amar somente EU...tá certo isso?
    Adorei o seu texto e boooora ser feliz sempre.

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