sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Entrevista do mês: Priscila Valdes

Este mês nossa entrevista é uma pessoa a ser descoberta pelos nossos leitores. Na tarde de hoje, Priscila nos encantou com seu jeito calmo e sua vontade de fazer da vida algo melhor e mais livre.

Mica: Pri, começa contando um pouquinho de você, se apresentando para as meninas e os leitores.

Pri: Bom, meu nome é Priscila rs Trabalhei como jornalista no Brasil, sempre fui meio ativista das causas sociais, trabalhei numa ONG internacional, acreditava que ia acabar com a pobreza e mudar o mundo. Hoje eu me contento em transformar o meu mundo.

Kelly: Uau, boa apresentação! hmmm.. Vamos por partes.. sobre ser jornalista, como você começou sua carreira?

Pri: Eu na verdade queria estudar Química, minha vó me convenceu a estudar jornalismo porque assim iria viajar o mundo, ser rica e aparecer na Rede Globo. Bom... Não foi bem isso o que aconteceu rs Meu primeiro emprego como jornalista foi numa ONG internacional chamada CARE, que luta contra a pobreza mundial. Fiquei lá por 5 anos e depois decidi fazer outras coisas, trabalhar com MKT Digital e mudar totalmente de área.

Kelly: 'na Rede Globo' huaehuahueuaehua... Mas caramba, na CARE?!?! Já ouvi falar bastante desta ONG.. então, digamos que começou bem, né?

Pri: “na Rede Globo” hahahaha, sabe como que é sonho de vó, né?! rs Comecei bem, eu acreditava piamente que poderíamos mudar o mundo e acabar com a pobreza. Confesso que depois de um tempo, deixei de ser tão ambiciosa.. rs

Mica: Lembro que nós conversávamos muito sobre como alguns ativistas estavam mais preocupados com suas carreiras do que com o resultado do seu ativismo. Vem daí a ideia de mudar o seu mundo?

Kelly: Puxa, eu não sabia desse outro lado dos 'ativistas'’.. fofoca aí pra gente.. hehe

Pri: Hoje eu acho que as instituições deixam tudo mais burocrático, mas existem pessoas incríveis fazendo muitas coisas legais.

Kelly: Daí você se decepcionou e quis mudar tudo na sua vida.. Foi isso?

Pri: Ah, mais ou menos isso. Na verdade acho que a gente precisa se reinventar a todo o momento. É bacana e saudável... Já tava bem cansada do Jornalismo e, aliás, nunca gostei muito de escrever rs

Mica: Olha que revelação! rsrs E como foi escrever tanto para dois blogs sem gostar?

Pri: hahahahaha pois é... O ser humano e suas contradições... rs O Betsy (e seus balões coloridos) nasceu de uma vontade de compartilhar momentos bacanas entre amigos. Achava que o blog iria bombar e daríamos entrevista no Jô Soares. Hoje acho que é um relato bacana de boas experiências rs

Mica: E o convite do 7 Cronistas Crônicos?

Pri: O convite veio numa hora super complicada, tinha acabado de chutar o balde e de repente, estava eu lá - uma jornalista que não gosta de escrever, escrevendo crônicas toda a semana. Só sei que eu curti muuuuuiito tudo aquilo, conheci uma Priscila até então desconhecida. Escrever é terapêutico e ajuda a lidar com as nossas limitações.

Kelly: Aproveitando a pergunta da Mica lá em cima.. sobre 'mudar o seu mundo' hmmm... isso é uma constante em sua vida? Você se dedica mais à si, tipo, querendo mudar a si mesma?

Pri: Bom... Na verdade, eu acho que não faz sentido a gente pregar mudanças externas quando tem tanta coisa ainda pra aceitar internamente. Foi meio por isso que decidi rever minha vida, e, aos 33 anos, decidi mudar os planos e mudar de país. Foi meio radical, mas essa decisão me fez uma pessoa melhor.

Kelly: O preço para mudar radicalmente sua vida foi alto? Você chegou a sofrer com isso tudo? Ou foi mais prazeroso do que desgastante?

Pri: Foi terrível ...rs ahahahah Não, não quero desanimar ninguém, mas imagina só, eu passei o inverno europeu sozinha, sem amigos, família, namorado e ...pior - sem sol!!!! rsrsrs Aqui no inverno rigoroso temos 5 horas de dia. E eu, que sempre fui uma pessoa do DIA, tive que conviver com isso sozinha e sem ninguém para culpar - afinal, essa decisão foi totalmente minha. Eu costumo dizer que se sobrevivi ao inverno aqui sozinha, posso enfrentar qualquer coisa rsrsrsr Com tanta solidão e solitude, aprendi a conviver e a gostar de mim, a minha única e fiel companhia rsrsrs

Cláudia: Essas mudanças vem sempre acompanhadas de algum acontecimento? Ou você pensa “poxa minha vida não ta legal, vou mudar”?

Pri: Não, não teve um acontecimento em especial. Sabe quando você olha pra sua vida e acha que está tudo muito “boring”? Então, foi meio isso. Outra coisa, morar no exterior sempre foi um sonho antigo - conhecer e vivenciar culturas diferentes da nossa é muito, muito especial mesmo. E imprime “movimento”, amo essa palavras rs...

Mica: Seeeeei! rsrs E como é Londres hoje para você?

Pri: Bom... Londres é fofa. Passei aqui por situações totalmente diferentes das que eu vivia no Brasil. Ano passado eu mudei de casa 5 vezes, morei com 12 pessoas dividindo um banheiro, distribui folhetos na rua e vendi coxinha na feira... rs Hoje moro com um francês e uma tailandesa. Trabalhei com poloneses, nigerianos e lituanos. Tudo aqui é diferente. E encantador.

Kelly: hahah que máximo!! Pri, por que Londres? A escolha foi ao acaso, ou, ao estudar jornalismo, você conheceu alguma peculiaridade que foi relevante para a escolha desta cidade?

Pri: Ahhh, Kelly, boa pergunta! rs Londres foi uma decisão extremamente prática - eu tinha passaporte italiano, queria melhorar o meu inglês e pronto - minha única opção era a Inglaterra. Pra ser honesta, se fosse para escolher, minha cidade do coração é Berlim, mas aprender alemão depois dos 34..rs Não sei não, muito desafiador pra mim hahahahahah

Cláudia: Tem algo de que se arrepende nisso tudo? Que se, pudesse voltar atrás, faria diferente?

Pri: Ah, Claudinha, honestamente não me arrependo de nada. Hoje o meu patrimônio cabe numa mala, essa sensação de liberdade não tem preço. Claro que passei momentos muuuuuiiito difíceis, mas faria tudo de novo, do mesmo jeito. Quebrar a rotina é difícil, mas extremamente libertador.

Mica: Sente falta do Brasil?

Pri: Todos os dias. É engraçado que eu trabalho numa financiadora aqui e atendo clientes do mundo todo - toda vez que eu falo que sou brasileira, eles abrem aquele sorriso. Amo Brasil, amo São Paulo. Mas meu coração é bem grandão e cabe o mundo todo rsrsrsrrs A coisa que eu mais sinto falta aqui, vocês não vão acreditar - mas é de um bichano de quatro patas. Morro de saudade de ter gato, cachorro...

Cláudia: Pri, quando eu crescer eu quero ser igual você, você fez tudo que eu tenho vontade de fazer. Seu compromisso é com a liberdade e eu tenho isso como meta de vida. Sou sua fã hahah

Pri: Ahhhhh que fofa!!!!

Kelly: Own... mas o que acontece? Eu te entendo, porque adoro bichos também.. aliás, nós três aqui do blog adoramos animais.

Pri: Eu divido casa com outras pessoas e é bem difícil ter um bichano por aqui, você paga imposto e tem que provar que tem condições de cuidar... O que infelizmente não é o meu caso. Que máximo que vocês gostam de bichanos, eu desconfio de pessoas que não gostam hahahahahah

Mica: hahahahhaha nós também! Pri, pra encerrar, fala pra gente como você olha essa coisa homem-mulher que tanto discutimos aqui no blog.

Pri: hahahaha ai Mica, essa coisa homem e mulher é totalmente necessária hahahahaha. Mas relacionamento é uma coisa complicadíssima, mas nos torna mais “humanas”, eu acho... Tenho acompanhado um blog - Cem homens - que a garota que escreve é jornalista e faz sexo casual. Precisa ver como as pessoas ainda não aceitam as mulheres como donas do seu próprio corpo.

Kelly: Também já li esse blog e já vi algumas críticas que a moça recebe. O povo ainda não se acostumou com o fato de que mulheres sentem tesão tanto quanto os homens. Pri, adorei te conhecer, poderia falar horas e horas com você..

Pri: Amei tambem, viu?! Estão todas convidadíssimas para uma temporada em Londres!!!