Não sei dizer a data certa, mas suponho que há uns anos atrás era
inconcebível a ideia de morar com os pais depois de uma certa idade. Na
real, fácil chutar que qualquer sonho adolescente era justamente este: Ter seu próprio cantinho.
...Tempos difíceis os de hoje: Você chegou aos 30 anos (ou está quase lá) e ainda mora com o papai e a mamãe. Contar isso pros amigos pode gerar uma gargalhada... mas, 'PERA! Você pode ter ficado em casa por não ter tido grana suficiente. Porém, também existe o grupo dos que curtem morar com a família.
Preconceito com a galera 'Tenho 30 anos e moro com meus pais'. Você já passou por isso?
Mica: Olha, confesso que tenho um pé na turma desse preconceito aí... um pé quase tirado, mas tenho. No fundo, eu não me permito ter preconceito porque acredito que cada um deve escolher o que precisa para ser feliz e eu não tenho nada com isso até que esbarre em mim. Mas como saí de casa aos 19 anos sem um puto no bolso, com a cara e a coragem, realmente questiono muito a galera que já tem 30 ou mais e ainda mora com os pais. Cada caso é um caso, existem “N” motivos. E realmente procuro entender e não ser uma julgadora impiedosa. Só que pra mim, ter sua casa e cuidar da própria vida é essencial. Enquanto não se faz isso, não se é realmente responsável por si.
Kelly: Vejo sentido. Mas, vou defender o meu lado e explicar minha situação [já que não tem como adivinharem]. Eu saí de casa pela primeira vez aos 18 anos de idade, pra morar em outro estado [Santa Catarina]. Não deu certo, tive que voltar. Depois, com 20 anos, morei 2 anos e meio sozinha. Experiência ótima, excelente, me fez crescer, etc e etc. Não me arrependo de ter saído de casa. Mas também não me arrependo de ter voltado. Minha atual situação é a do grupo que está perto dos 30 anos mas ainda mora com os pais. E digo que: Eu poderia me meter em uma kitnet ou apartamento e me manter com o que ganho. Mas hoje, digo HOJE, eu não quero. Por quê? Porque por mais infantil ou estranho que isso possa parecer, sei lá, eu realmente aprecio a convivência com a minha família. Logo, não tenho planos em me mudar tão já, e muito menos por acharem vergonhoso. Se eu tô feliz aqui, vou ficar aqui. Simples, 'galere! =P
Mica: Da forma como eu encaro isso, eu vejo a sua situação em outro plano: você já saiu, voltou, saiu de novo, voltou, escolheu ficar. Você teve muitas experiências (até mais do que eu, que nunca voltei) e escolheu ficar porque gosta. Quem nunca saiu não sabe o que é viver sozinho, nem na parte boa, nem na ruím. Não sabe o que é ter que pagar TODAS as suas contas, cuidar da casa, organizar a vida e ainda fazer de um jeito em que se sinta bem. Conheci vários caras (principalmente caras) que diziam que iam sair um dia, mas era foda porque aí iam ter que lavar roupa, fazer comida... Aff... Imprestável preferir morar com os pais porque não quer lavar a própria cueca!
Kelly: Ah, aí sim, concordo. Entra no lance de 'não vou sair de casa porque sou preguiçoso ou porque não quero ser independente'. Ok, isso me broxaria em um cara. Na real, eu acho o seguinte: é muito válido sair de casa por todas as situações que você mencionou acima. Sem cair em contradição, acredito que esta é uma situação que todo adulto DEVE vivenciar. Porém, se o lance não é preguiça de cuidar das próprias coisas ou assumir suas despesas, não vejo porque tanto "auê". Eu me lembro que há muitos anos atrás vi uma entrevista com o Supla, falando que ainda morava com o pai dele, o Suplicy. Na época, eu ainda não havia saído de casa e não o compreendi muito bem. Ele dizia estar lá com o pai porque gostava, simplesmente. Hoje me vejo neste caso. Adorei morar sozinha. Mesmo!! Foi uma época muito feliz, foi uma fase importantíssima. Mas o presente me satisfaz, ainda mais quando sei que isto vai acabar logo [afinal, quando se está perto dos 30, seus pais já não são tão novos e seus irmãos também não vão ficar por muito tempo ali]. Enfim, é isso...
Mica: Eu tentei morar com minha irmã. Por duas vezes. Não deu certo. Morei com amigas e amigos, nas repúblicas de faculdade, dava certo uns dias e outros não. Mas eu só funciono sozinha mesmo. Por outro lado, vejo que de certa forma eu aprendi isso com minha mãe. Ela acha absurdo um adulto “ficar vivendo as custas dos pais”. É assim que ela vê. Acha que quem está morando com os pais não assume e no fundo se aproveita dos pais. Depois de uns anos que eu estava fora, uma irmã casou e a outra se mudou para o vilarejo. Minha mãe saiu de uma casa de 3 quartos para uma de um quarto e mandou minha cama para Marília. Hoje ela diz que não quer morar com a gente, que se sente melhor tendo a casa dela e fazendo o que quiser. Nos falamos todos os dias, nos vemos sempre, mas cada uma na sua casa. E sabe, as pessoas estranham horrores. Já ouvi muito “mas PORQUE você não mora com sua mãe!?” Para muita gente é como se eu tivesse abandonado-a. Para nós é o caminho normal da vida.
Kelly: Compreendo, respeito e não me intrometo. Acredito então ser um lance de educação familiar [?]. Aqui em casa não rola disso... Houve épocas de eu estar morando aqui e um dos irmãos não [como sentíamos falta!] E quando ele voltou, foi uma festa! Acrescento também que ninguém aqui é mimado por conta disso. Cada um paga suas contas, tem a sua vida. Mas no final, todos depois de um dia de trabalho, voltam para o mesmo lugar: nossa casa. Eu gosto disso, assumo. Tá, não está nos meus planos viver aqui pra sempre [como disse, estou vivendo o 'agora' como eu quero], mas sei que daqui um tempo vou querer sair de novo. E sei que quando voltar, nem todos estarão aqui. Meio deprê, porém, é por isto que tenho aproveitado o 'HOJE'.
Mica: É, é algo familiar. Acho que o fato do meu pai ter falecido quando eu tinha 13 anos, também conta. Ele também era favorável a “filhos com sua vida”, mas minha mãe precisa de privacidade. Ela é uma mulher solteira. Quero que ela saia, namore, leve seus namorados para casa, faça um jantarzinho romântico. Sem ter a filha vendo TV na sala... Era importante pra ela ter esta liberdade. Assim como é importante pra mim, porque também sou solteira. Já vi pessoas que moram com os pais para cuidar deles, que já são velhinhos. Acho isso admirável, me emociona. Tem quem `tá numa fase ruím mesmo de grana, saúde, e precisa ficar num local seguro. Por isso que disse “N” motivos. Estas situações e agora a sua, me fazem pensar que super normal a pessoa estar com os pais. Mas outros que demonstram que no fundo a pessoa prefere continuar sendo filho a assumir a própria vida, me fazem desistir dela. Crescer, abrir a mente, chegar mais longe é algo que considero muito importante numa pessoa.
Kelly: E agora? Momento saia justa! O que o você, leitor, pensa disso?
...Tempos difíceis os de hoje: Você chegou aos 30 anos (ou está quase lá) e ainda mora com o papai e a mamãe. Contar isso pros amigos pode gerar uma gargalhada... mas, 'PERA! Você pode ter ficado em casa por não ter tido grana suficiente. Porém, também existe o grupo dos que curtem morar com a família.
Preconceito com a galera 'Tenho 30 anos e moro com meus pais'. Você já passou por isso?
Mica: Olha, confesso que tenho um pé na turma desse preconceito aí... um pé quase tirado, mas tenho. No fundo, eu não me permito ter preconceito porque acredito que cada um deve escolher o que precisa para ser feliz e eu não tenho nada com isso até que esbarre em mim. Mas como saí de casa aos 19 anos sem um puto no bolso, com a cara e a coragem, realmente questiono muito a galera que já tem 30 ou mais e ainda mora com os pais. Cada caso é um caso, existem “N” motivos. E realmente procuro entender e não ser uma julgadora impiedosa. Só que pra mim, ter sua casa e cuidar da própria vida é essencial. Enquanto não se faz isso, não se é realmente responsável por si.
Kelly: Vejo sentido. Mas, vou defender o meu lado e explicar minha situação [já que não tem como adivinharem]. Eu saí de casa pela primeira vez aos 18 anos de idade, pra morar em outro estado [Santa Catarina]. Não deu certo, tive que voltar. Depois, com 20 anos, morei 2 anos e meio sozinha. Experiência ótima, excelente, me fez crescer, etc e etc. Não me arrependo de ter saído de casa. Mas também não me arrependo de ter voltado. Minha atual situação é a do grupo que está perto dos 30 anos mas ainda mora com os pais. E digo que: Eu poderia me meter em uma kitnet ou apartamento e me manter com o que ganho. Mas hoje, digo HOJE, eu não quero. Por quê? Porque por mais infantil ou estranho que isso possa parecer, sei lá, eu realmente aprecio a convivência com a minha família. Logo, não tenho planos em me mudar tão já, e muito menos por acharem vergonhoso. Se eu tô feliz aqui, vou ficar aqui. Simples, 'galere! =P
Mica: Da forma como eu encaro isso, eu vejo a sua situação em outro plano: você já saiu, voltou, saiu de novo, voltou, escolheu ficar. Você teve muitas experiências (até mais do que eu, que nunca voltei) e escolheu ficar porque gosta. Quem nunca saiu não sabe o que é viver sozinho, nem na parte boa, nem na ruím. Não sabe o que é ter que pagar TODAS as suas contas, cuidar da casa, organizar a vida e ainda fazer de um jeito em que se sinta bem. Conheci vários caras (principalmente caras) que diziam que iam sair um dia, mas era foda porque aí iam ter que lavar roupa, fazer comida... Aff... Imprestável preferir morar com os pais porque não quer lavar a própria cueca!
Kelly: Ah, aí sim, concordo. Entra no lance de 'não vou sair de casa porque sou preguiçoso ou porque não quero ser independente'. Ok, isso me broxaria em um cara. Na real, eu acho o seguinte: é muito válido sair de casa por todas as situações que você mencionou acima. Sem cair em contradição, acredito que esta é uma situação que todo adulto DEVE vivenciar. Porém, se o lance não é preguiça de cuidar das próprias coisas ou assumir suas despesas, não vejo porque tanto "auê". Eu me lembro que há muitos anos atrás vi uma entrevista com o Supla, falando que ainda morava com o pai dele, o Suplicy. Na época, eu ainda não havia saído de casa e não o compreendi muito bem. Ele dizia estar lá com o pai porque gostava, simplesmente. Hoje me vejo neste caso. Adorei morar sozinha. Mesmo!! Foi uma época muito feliz, foi uma fase importantíssima. Mas o presente me satisfaz, ainda mais quando sei que isto vai acabar logo [afinal, quando se está perto dos 30, seus pais já não são tão novos e seus irmãos também não vão ficar por muito tempo ali]. Enfim, é isso...
Mica: Eu tentei morar com minha irmã. Por duas vezes. Não deu certo. Morei com amigas e amigos, nas repúblicas de faculdade, dava certo uns dias e outros não. Mas eu só funciono sozinha mesmo. Por outro lado, vejo que de certa forma eu aprendi isso com minha mãe. Ela acha absurdo um adulto “ficar vivendo as custas dos pais”. É assim que ela vê. Acha que quem está morando com os pais não assume e no fundo se aproveita dos pais. Depois de uns anos que eu estava fora, uma irmã casou e a outra se mudou para o vilarejo. Minha mãe saiu de uma casa de 3 quartos para uma de um quarto e mandou minha cama para Marília. Hoje ela diz que não quer morar com a gente, que se sente melhor tendo a casa dela e fazendo o que quiser. Nos falamos todos os dias, nos vemos sempre, mas cada uma na sua casa. E sabe, as pessoas estranham horrores. Já ouvi muito “mas PORQUE você não mora com sua mãe!?” Para muita gente é como se eu tivesse abandonado-a. Para nós é o caminho normal da vida.
Kelly: Compreendo, respeito e não me intrometo. Acredito então ser um lance de educação familiar [?]. Aqui em casa não rola disso... Houve épocas de eu estar morando aqui e um dos irmãos não [como sentíamos falta!] E quando ele voltou, foi uma festa! Acrescento também que ninguém aqui é mimado por conta disso. Cada um paga suas contas, tem a sua vida. Mas no final, todos depois de um dia de trabalho, voltam para o mesmo lugar: nossa casa. Eu gosto disso, assumo. Tá, não está nos meus planos viver aqui pra sempre [como disse, estou vivendo o 'agora' como eu quero], mas sei que daqui um tempo vou querer sair de novo. E sei que quando voltar, nem todos estarão aqui. Meio deprê, porém, é por isto que tenho aproveitado o 'HOJE'.
Mica: É, é algo familiar. Acho que o fato do meu pai ter falecido quando eu tinha 13 anos, também conta. Ele também era favorável a “filhos com sua vida”, mas minha mãe precisa de privacidade. Ela é uma mulher solteira. Quero que ela saia, namore, leve seus namorados para casa, faça um jantarzinho romântico. Sem ter a filha vendo TV na sala... Era importante pra ela ter esta liberdade. Assim como é importante pra mim, porque também sou solteira. Já vi pessoas que moram com os pais para cuidar deles, que já são velhinhos. Acho isso admirável, me emociona. Tem quem `tá numa fase ruím mesmo de grana, saúde, e precisa ficar num local seguro. Por isso que disse “N” motivos. Estas situações e agora a sua, me fazem pensar que super normal a pessoa estar com os pais. Mas outros que demonstram que no fundo a pessoa prefere continuar sendo filho a assumir a própria vida, me fazem desistir dela. Crescer, abrir a mente, chegar mais longe é algo que considero muito importante numa pessoa.
Kelly: E agora? Momento saia justa! O que o você, leitor, pensa disso?