Época de cursinho: uma das melhores fases na vida de qualquer pessoa: Professores bem-humorados, aulas excelentes, pessoal da sala com super alto astral, uma maravilha. E claro que no fim do ano teríamos a festa de despedida da turma...
Eu, imatura e bobona, claro que nessa época estaria apaixonada pelo cara mais bonito da sala [era tipo um
Bradley Cooper da vida]. E, por gostos musicais parecidos, havíamos nos tornado grandes amigos. Eu babava, mas em off. Era tímida pra caramba e tentava disfarçar o máximo que podia. Sempre.
Eis que o dia da festinha chegou. E sim, seria na casa do Bradley-adolescente-bonitão. Ele perguntando toda hora se eu iria e aquela coisa toda. Meus amigos de classe afirmando 'Ele tá a fim de você! Tá na cara! blablabla'... Eu tava com pé atrás - mas pensando 'vai que é verdade', né...
Como eu não sabia chegar até na casa dele, ele foi me buscar e tudo. Um doce, né? Tudo tão bonitinho que parecia um episódio "romântico" do seriado global Malhação.
Chegando lá, vi que: muita gente do cursinho não tinha aparecido e que na festa tinha uma cambada de gente de fora - amigos dele, família e "amigas"...
Na real, logo de cara a festa estava uma droga. Todo mundo meio disperso, não muito à vontade e sem ter o que fazer a não ser BEBER. E o 'Bradley' com uma das amigas, todo soltinho e aquelas coisas que quando a gente tá a fim do cara, não quer ver. Só me sobrava beber também pra ver se eu dava risada e 'fugia' daquele espetáculo angustiante.
E claro, para confirmar o fiasco, não é que ele começou a ficar com uma das tais "amigas"?!?!
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Muito eu esta imagem. A diferença é que a cara já tinha mudado. |
Como uma boa garota imatura, eu não soube lidar com a situação. Quanto mais ele beijava a garota, mais vinho eu mandava pra dentro... e comecei a perder a noção do quanto estava bebendo.
Tinha mais dois amigos do cursinho comigo. A gente tentando se divertir como podia, porque tava chato o negócio. Acabou o vinho? Cerveja pra dentro!
Por um momento, percebi que estava começando a ficar alegre demais... Mas no auge da alegria, apareceu um enviado do capeta [só pode] servindo uma tal de
Baianinha. Coisa horrorosa, gente. Coisa de cachaceiro jogado no bar! Mas quis experimentar, porque a noção já tinha ido embora. =P
Bastaram dois copos e game over pra mim. O chão era uma linha diagonal. E para não cair, tive que andar me 'segurando' nas paredes, vai vendo. E ao ficar parada, tudo girava. Lembro de ter olhado pro céu e ter visto várias estrelas cadentes [hahaha] e que eu mostrava pros meus amigos, chamando todas elas de cometas [??!], tsc tsc. Imagine se fosse um meteorito, tal qual o da Rússia semana passada?!? Era capaz de eu achar que estava vivendo uma cena do filme
Armageddon. Fiquei mal. Pensei que fosse morrer. Que vergonha, amigos, que vergonha. Tsc.
Daí lembro de flashes. Gente indo embora, pessoas vindo falar com a gente, risadas e as frases 'eu não tô bêbada, eu to ótima'... [AHAM]. Eu e mais dois amigos ficamos ali, esperando a noite virar. Eu tava começando a melhorar e o "Bradley" veio falar comigo. (...)
* pausa para momentos tensos a seguir *
Sem pensar duas vezes, perguntei "Por que você ficou com aquela menina??? Eu gosto de você, poxa, mimimimi..." CADÊ a timidez? Sumiu!
Me declarei e ele soltou coisas do tipo 'Ah, eu até desconfiava que você gostasse de mim, mas não tinha certeza, blablabla..." CADÊ uma amiga pra me puxar de uma porra dessas? Já não tinha mais nenhuma.
CADÊ os amigos que falavam 'ele gosta de você, vai lá!'. CADÊ, BRASIL?
Socorro.
Não ouvi nada do tipo 'te amo' não. Conversamos um pouco e ele pelo menos foi delicado ao ponto de só me deixar ir embora quando eu estivesse totalmente bem. E sim, com o passar do tempo fiquei sóbria. E pronto, hora de ir pra casa.
* se preparem para mais uma ceninha típica de Malhação:
No caminho, ele se vira pra mim e fala 'quero te dar um beijo'. [também não entendi]. E ok, nos beijamos.
Estão achando que foi a cena mais linda do mundo??? Não foi. O beijo simplesmente não encaixava. Depois de uma noite daquelas já não havia mais clima pra beijo algum.
No dia seguinte, tive uma ressaca monstra. E quando fiquei relembrando de tudo o que aconteceu, comecei a pegar raiva do cara. Raiva porque ele tinha ficado outra menina na minha frente, raiva porque ele ficava cheio de frescura comigo, raiva por causa daquele beijo-coxinha, raiva de ter ido naquela festa, e muita raiva de ter bebido tanto. Falei pra mim mesma que nunca mais na vida ia beber de novo [frase típica de bêbado-chapado].
Depois disso, nos vimos poucas vezes. Perdi totalmente o encanto.
Aquela noite me rendeu uma boa noite de choro. Hoje em dia, trocentos anos anos depois, acho até engraçado. Não vejo mais o cara como vilão, haha... Quem tava certo ou errado? Sei lá. Só sei que se todo adolescente passa por uma dessas na vida, aquela foi a minha vez.
E posso dizer que, em vez de final romântico de seriadinho 'Malhação', este dia esteve mais para seriado teen mexicano, hahaha... Paciência né, a vida real tem dessas.