Na teoria, um relacionamento deve durar enquanto estiver fazendo bem para as duas pessoas envolvidas. Porém, sabemos que nem sempre assim... é fácil encontrar namoros longos e, infelizmente, vazios. Relacionamentos de 5, 10 anos que só sobrevivem por comodidade.
Mica: Ficar tanto tempo junto deve ser garantia de que muita água vai rolar, brigas, mágoas e tal. Então, acho que mantemos relações assim porque nos acostumamos a elas. Como algo que entra na sua vida e faz parte dela, até dá vontade de mudar às vezes, mas os dias simplesmente vão passando. Tipo um emprego.
Kelly: Eu já tive dois namoros longos. E duraram em média 4 anos cada um. Anos felizes? Não, em nenhum dos dois. Só posso resumir em uma palavra: cagada. No primeiro, eu queria ter saído fora muito antes, mas confesso não ter tido peito o suficiente. No segundo namoro, falei que não ia repetir o erro do primeiro, mas a gente fica naquelas "vai que melhora, vai que dá certo, vai que terminar será um erro enorme na vida, vai que..."
Mica: É, isso tudo é a velha insegurança. Porque pra terminar é preciso coragem: enfrentar a pessoa, as consequências, ficar solteira de novo, cair no mercado de novo, achar amigas solteiras pra voltar a sair, não poder contar com a pessoa para coisas que já se estava acostumada a contar... Insegurança por ter que fazer uma escolha e se arrepender depois. Mas não acho que é a Kelly que sente isso, acho que somos todos nós (inclusive os homens que adoram dizer que a mulherada adora a segurança do relacionamento). Não é fácil simplesmente olhar pra coisa, enxergar friamente que não rola mais e dizer: chega. Eu acho que não é.
Kelly: Falando por mim, nunca foi... Acho que sim, perdi 4 anos em um e quase 4 no outro. Mas me assusto muito mais quando vejo gente em um relacionamento de 10 anos (ou quase isso ou mais) e confessa a infelicidade, a frustração, mas que fica junto porque "ah, é muito tempo para deixar pra lá"... Daí, às vezes se casam ou moram junto (dá na mesma) e eu me pergunto: Pra quê isso? Não, não estou nem um pouco interessada em cuidar da vida alheia. O caso aqui é uma preocupação sincera com gente que eu gosto. Gente que eu gostaria de pegar nos ombros, chacoalhar e dizer 'PARA!'.
Mica: Eu acho que uma das grandes coisas dessa vida é mesmo o que se pode viver com o outro, mas quem foi que disse que tem que ser pra sempre ou qualquer coisa assim? O medo, o comodismo, as dúvidas, podem nos travar e impedir de viver coisas melhores. “Já investi 10 anos, não vou deixar pra lá”. Ok, e os novos investimentos que pode estar perdendo por insistir em algo que já acabou? Se seu alerta soou, escute. A gente sabe o que realmente acontece, mas muda a visão só pra poder viver do mesmo jeito, sem ter que enfrentar a realidade.
Kelly: Ah, e tem algo que não quero deixar passar: os comportamentos distintos entre homens e mulheres. Não é regra, mas nestas situações de comodismo, o que um cara faz: Trai. (Repito: não é regra e não estou julgando também). Vejo muito cara com dó da mulher, que acha desleal namorar tanto tempo e não casar... Mas daí, sabe como é... se interessa por outras e vai ficando com uma ali, outra aqui. Repito: Pra quê isso, gente?
Tô dizendo que mulher não trai? Não. Mas em amigas vejo outro comportamento: a mulher se apaga. Se conforma com o seu "destino infeliz" e vai levando... daí, tem umas que acha que engravidar vai dar graça e sentido à vida, mas enfim, daí já é outra história...
Mica: Usando um clichê - “a vida é muito curta”. E é verdade. Não vai dar tempo de fazer tudo, então ficar perdendo tempo em relação infeliz é masoquismo. Isso me faz pensar, que como em muitas outras coisas, o problema está lá dentro, guardadinho. Porque alguém que realmente se gosta não permite algo que o faz mal, fazer parte da sua vida. E não estou falando só de relações violentas ou coisas assim. Estou falando do medo de ficar sozinho. Porque é tão difícil ficar sozinho? Não deveria ser o contrário? Quando estou só, comigo, estou totalmente segura: eu não vou me fazer mal, eu não vou me trair, eu não vou deixar de investir em mim. O outro é pra ser um a mais na nossa vida, não A nossa vida. Aí o namoro acaba e você deixa de existir até que namore novamente? Não. Então tem que dar um jeito de ser feliz sozinho. Se independente de ter ou não namorado, namorada, você consegue ficar em paz sozinho na sua casa, fazendo coisas que gosta, sem pensar em ninguém, por um dia inteiro, você está no caminho certo. Agora, se depois de duas horas você já está desesperado ligando pra alguém pra fazer alguma coisa, procurando amigos na net, fuçando no perfil de paqueras... pare e pense, não devia ser tão difícil assim ficar com si mesmo.
Kelly: Hoje em dia, mais velha e talvez mais madura, me policio para não errar pela terceira vez. E como faço? Bom, uma vez ouvi algo que não deve ser surpresa pra ninguém: Os primeiros meses te ajudam a ter uma BOA noção de como será o namoro. Se nos 3 primeiros meses, você percebe costumes que te incomodam, ou características que o outro faz questão de manter: Caia fora! Investir em um namoro que você percebe que não tem a ver contigo não tem sentido. E às vezes a gente vai ficando porque o sexo com aquele cara é foda e existe um tesão e química absurdos! Erro detected. Sabe por quê? Se o seu objetivo na vida quanto a relacionamento for apenas satisfação sexual, tudo certo. Mas se desejar mais do que isso da outra pessoa, acho meio óbvio que uma hora você vai broxar, enjoar, cansar.
Mica: Essa dica é muito boa! Eu lembro de namoros em que com um mês meu alerta soou e pensei “esse cara pode acabar fazendo tal coisa” e sim, o namoro acabou como pensei. Podia ter evitado uma história ruim... Acho que temos que dar ouvidos a esses alertas sempre, em qualquer momento da relação.
Kelly: Outro ponto: e quando o namoro começa perfeito e se desgasta lá na frente? Daí os dois ficam sem saber o porquê ou o que fazer. Ué, todo mundo muda. O que era prioridade pra um, passa a não ser mais. Ou qualidades que cada um tinha, somem. Às vezes, as mudanças em ambos dão tão certo que o casal acaba se apaixonando várias vezes um pelo outro. Mas caso isso não role, caso sinta o alerta que a Mica citou, pare e repense: Será que se eu conhecesse esta pessoa AGORA, eu me apaixonaria por ela? (...)